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Para milhares de brasileiros, a aposentadoria, que é considerada um período de descanso, pode se transformar num momento de crise financeira. Com o valor do benefício do INSS baixo, onde a base é de R$ 415,00 até o teto de R$ 4.150,00, está cada vez mais difícil conciliar as despesas do cotidiano e a receita. Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o número de idosos na faixa etária dos 60 anos cresceu 47,8%, entre 2004 a 2007. O envelhecimento da população traz a dúvida: qual seria o valor do benefício mínimo ideal para suprir as principais necessidades de um idoso? A aposentadoria dos sonhos De acordo com o professor de Finanças Pessoais da FGV-SP e da PUC-SP, Fábio Gallo, as especulações de que a pessoa precisa de uma grande porcentagem da renda atual para viver como aposentado não é verdade. Com a idade avançada, há gastos que diminuem e despesas que aumentam. Um idoso, geralmente, não tem dívidas relacionadas à aquisição ou aluguel de imóveis, pois ele já tem a sua casa. Em contrapartida, as despesas com medicamentos e lazer aumentam. "O ideal é a pessoa estabelecer qual é o seu objetivo depois de aposentado. Como você quer viver? Você quer trabalhar ou pretende morar na praia? E, principalmente, quanto você deve ter de renda mínima para isso? Com as respostas dessas perguntas, a pessoa consegue elaborar um planejamento financeiro para programar a sua aposentadoria", afirma o professor. Vida de aposentado Depois de 30 anos de contribuição, a aposentada Helena Muniz de Oliveira só consegue se manter financeiramente com a ajuda dos seus filhos. O salário de R$ 415,00 recebido pelo INSS está muito aquém de suas dívidas mensais. "Pago as contas de água, luz, telefone, alimentos e, com isso, não sobra nenhum centavo para comprar os remédios que não posso viver sem, pois sou hipertensa e diabética. O jeito é contar com a ajuda dos meus 4 filhos que compram R$ 500,00 de remédios para mim todo mês. Com todos esses gastos e a dependência dos meus filhos, a única coisa que faço para me distrair é tricô", revela a aposentada. Depreciação de valores Fábio Gallo constata que o valor máximo de contribuição para o INSS diminuiu bastante com o decorrer do tempo. Por volta de 20 a 30 anos atrás, a pessoa que tivesse uma condição financeira equilibrada e quisesse ter uma boa aposentadoria pelo INSS poderia contribuir no máximo, com o teto equivalente a 30 salários mínimos vigentes. Hoje, esse teto foi reduzido para 10 salários mínimos. "Não há como prever um final feliz para a previdência social em nenhum país, porque a tendência mundial é o envelhecimento da população, logo, o desafio brasileiro será como mudar o sistema e as estruturas sociais para se adaptar a essa realidade", finaliza o professor.