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Cenário ruim não abala otimismo do brasileiro, diz estudo

77% dos brasileiros estão confiantes sobre seu futuro financeiro

As perspectivas positivas para o Brasil podem ter sumido de cena, mas a confiaça da população se mantém:  77% dos brasileiros dizem estar otimistas sobre seu futuro financeiro, segundo pesquisa divulgada nesta quarta-feira (04) pela BlackRock, líder mundial em gestão de investimentos, que administra 4,525 trilhões de dólares em ativos.

A pesquisa Global Investor Pulse* é realizada anualmente e é uma das maiores radiografias sobre gestão financeira e investimentos pessoais do mundo. Nesta edição foram entrevistadas 27,5 mil pessoas de 20 países (mil apenas do Brasil) entre agosto e setembro de 2014.

Os resultados mostram que o brasileiro está bem mais otimista do que o resto do mundo, já que na média global, apenas 56% dos entrevistados estão confiantes sobre seu futuro financeiro.

Apesar do otimismo, os brasileiros não ignoram que existem riscos. Dentre os principais fatores que podem colocar em risco suas finanças no futuro estão a economia do país, citada por 57% dos entrevistados, o alto custo de vida, apontado por 55%, e a inflação, mencionada por 47% dos entrevistados.

“Quando falamos de otimismo, é preciso separar o otimismo de longo prazo e de curto prazo. Os brasileiros estão confiantes sobre seu futuro, mas se preocupam com a situação econômica do país, inflação e com o mercado de trabalho no curto prazo”, comenta Armando Senra, diretor da BlackRock na América Latina.

Segundo o estudo, 49% dos brasileiros acreditam que a economia irá piorar nos próximos 12 meses e 40% afirmam que as condições no mercado de trabalho estão piorando.

Hábitos de poupança

Ainda que as intenções possam não se concretizar, 49% dos brasileiros dizem que sua prioridade financeira é economizar dinheiro. Para 47%, aumentar o patrimônio é um dos principais objetivos e para 44% a meta principal é investir para ter uma aposentadoria tranquila (as respostas permitiram citar mais de uma prioridade). 

Outro dado interessante da pesquisa mostra que os brasileiros são (ou ao menos afirmam ser) os que mais economizam e investem dentre os países pesquisados na América Latina: 27% investem e 22% economizam metade da renda.

Ao serem questionados sobre o destino dos seus recursos, as respostas não foram muito surpreendentes: 64% afirmam deixar dinheiro parado na conta, em espécie ou aplicado em ativos de alta liquidez, como a poupança e os Certificados de Depósitos Bancários (CDBs).

Os imóveis são o segundo principal destino (11%), em terceiro lugar aparecem os títulos públicos (7%) e em quarto lugar as ações (4%).

“Muitos brasileiros guardam dinheiro em espécie por causa do passado inflacionário e de instabilidade política. Isso reflete uma falta de compreensão sobre a importância da diversificação de investimentos”, afirma Armando Senra.

Apesar de manter seu dinheiro parado ou em aplicações de baixo retorno, em um outro momento da pesquisa, 77% dos entrevistados disseram acreditar que tomaram decisões acertadas de poupança e investimento. Na América Latina, o percentual é de 68%.

Bruno Stein, diretor da BlackRock no Brasil, afirma que investir no Brasil tem sido muito fácil por causa do alto patamar da taxa básica de juros, Selic. “O brasileiro pensa no curto prazo e quando ele vê que pode contar com produtos de liquidez diária, que garantem um retorno de 12% ao ano, ele acha que seu problema está resolvido ”, afirma.

Ele acrescenta, no entanto, que os investidores deveriam começar a se preocupar em diversificar suas aplicações porque a taxa de juro não deve se manter elevada para sempre.

“Muitos brasileiros não pensam nisso, mas a política fiscal vai começar a surtir efeito e a taxa de juro tende a cair”, diz o diretor da BlackRock no Brasil.

Aposentadoria 

Pouco mais da metade dos brasileiros (57%) já começou a poupar para a aposentadoria, ante 67% na América Latina e 62% no mundo todo.

No Brasil, 72% compreendem qual seria o valor da economia necessário para a aposentadoria – no resultado global, apenas 50% entendem -, mas ainda assim não poupam o suficiente para o longo prazo.

Os chamados "pré-aposentados" - entrevistados na faixa etária de 55 a 64 anos - disseram já ter economizado uma renda anual de 6.250 reais para a aposentadoria, porém a estimativa no Brasil é de que a renda anual necessária seria de 67 mil reais, segundo a BlackRock.

Os principais fatores que dificultam essa poupança para a aposentadoria são: o alto custo de vida, mencionado por 47% dos entrevistados; a renda insuficiente (36%); as despesas não planejadas (29%); e as altas dívida no cartão de crédito (21%).

“A baixa poupança para a aposentadoria é um dos pontos mais preocupantes da pesquisa, afinal não é possível investir para o futuro no futuro”, comenta Senra, diretor da BlackRock na América Latina.

Ele afirma que uma das próximas grandes crises econômicas do mundo será desencadeada justamente por problemas ligados à aposentadoria. “A expectativa de vida está aumentando e o que era para ser bom se tornou um problema. Os países devem pensar em políticas para sanar esse problema e ampliar a educação financeira da população”, opina Senra.