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A liderança informal nas organizações

Ela surge de modo natural e pode ser positiva ou negativa para a organização, dependendo de como for conduzida

Liderança é, incontestavelmente, um dos temas mais discutidos hoje em dia nas organizações, tomando um espaço antes reservado para debates sobre qualidade, custo e produtividade. E por quê? Tomar decisões rápidas, guiar a empresa num mercado turbulento e ainda lidar com a falta de qualificação de boa parte dos funcionários não é nada simples.

Mas hoje não pretendo escrever sobre liderança formal, isto é, acerca dos gestores que são nomeados para posições que lhe dão certa autonomia enquanto conduzem uma equipe ou área. Acredito que as empresas ainda têm dado pouca atenção à liderança informal, que é aquela exercida pelos profissionais que não gozam de cargos de destaque na hierarquia tampouco liberdade para tomar decisões, mas são respeitados pelo time graças ao espírito de liderança.

Pessoas que influenciam as demais em decorrência da confiança que estabeleceram junto aos pares no dia a dia, seja pelo exemplo de vida, capacidade técnica, profundo compromisso com aquilo que precisa ser feito, certa dose de empatia ou por falarem a língua que todos compreendem.

Esse comando espontâneo às vezes aflora porque – sabiamente – o próprio líder formal o estimula. É o caso do gestor que identifica pessoas que podem ajudá-lo na missão de conduzir o time, dá-lhes voz nas tomadas de decisão cotidianas e, em decorrência disto tudo, consegue transformá-las em importantes aliadas no desafio permanente de aglutinar a equipe.

Porém, existe o lado ruim desta história. Alguns indivíduos aproveitam seu espírito de liderança para influenciar negativamente os demais colaboradores da empresa e disseminar as insatisfações pessoais via fofocas de corredor, boicote a projetos e baixo engajamento. O pior é que muitas vezes a alta gestão insiste em ignorá-los – mesmo se percebidos – por crer que não sejam capazes de fazer estragos.

Também não podemos ignorar o fato de que a qualquer momento podem surgir disputas de poder entre o líder formal e o colaborador influente, ainda mais quando aquele se sente ameaçado por este. Daí, em vez de somarem suas forças, os líderes digladiam, a equipe racha, surgem subgrupos feudais e a empresa perde.

O gestor tem ainda uma outra grande tarefa diante de líderes informais com desempenho elogiável: controlar a ansiedade de quem espera ser promovido logo. Nem sempre a empresa possui posições formais de gestão suficientes para serem ocupadas por estas pessoas no curto prazo e, mesmo com espírito de liderança, é bem provável que algumas delas ainda não possuam competências técnicas requeridas para um cargo superior. Manter a motivação e a performance destes profissionais enquanto são treinadas não é nada simples.

Quem está à frente de uma equipe pode e deve identificar e desenvolver o potencial dos profissionais que se destacam, já que é inegável que ninguém nasce pronto e custa caro adquirir o passe de quem já possui uma certa experiência. Só que capacitar líderes não é uma tarefa fácil e se você não estiver disposto a investir parte do seu tempo nesta missão, dificilmente transmitirá aquilo que sabe a outrem.

O indiano Ram Charan, uma das autoridades mundiais em formação de gestores, certa vez disse: “Um líder que não produz outros líderes não é um grande líder”. A boa notícia é que os influenciadores informais já provaram aquilo que são capazes de fazer, mesmo sem poder formal. Você sabe aonde chegarão se receberem a capacitação necessária e autonomia? Muito longe.