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Caixa reduz a taxa de juros em até 88%
Cortes serão nos empréstimos para pessoas físicas e pequenas e médias empresas
A Caixa Econômica Federal anunciou ontem o programa Caixa Melhor Crédito, com redução de juros em linhas de empréstimo para pessoas físicas e pequenas e médias empresas. Crédito consignado, financiamento de veículos, cartões, financiamento ao consumo e capital de giro para empresas tiveram cortes nas taxas que chegaram a 88%.
O programa faz parte da estratégia do governo de usar os bancos públicos para ampliar a oferta de crédito e forçar a redução do spread (a diferença entre os juros pagos ao aplicador e as taxas cobradas nos empréstimos bancários).
O presidente do Caixa, Jorge Hereda, procurou atenuar a influência política na decisão de baixar os juros. "Não existe nenhuma atitude no corte de juros que não tenha amparo em análise de níveis de risco e inadimplência", disse aos jornalistas. "É uma estratégia de negócios. Não foi nenhuma atitude impensada ou populista."
O executivo destacou que em nenhum momento a presidente Dilma Rousseff pediu que a Caixa reduzisse os juros a qualquer custo. A presidente, disse o executivo, quer que os bancos públicos adotem um nível de juros que reflita os esforços do País.
No cheque especial, por exemplo, a taxa caiu 67% e, dependendo do relacionamento do cliente, foi para 1,35% ao mês. No financiamento de veículos, baixou para 0,98%. Na pessoa jurídica, a taxa para capital de giro caiu de 2,72% para 0,94%. A Caixa espera liberar R$ 10 bilhões a micro e pequenas empresas.
As novas taxas começaram a valer ontem e atingem 25 milhões de clientes. Nas linhas em que os juros ficaram menores, o banco espera liberar R$ 71 bilhões de abril até o fim de dezembro. Ao todo, o banco prevê liberar R$ 300 bilhões em empréstimos durante todo este ano.
"A Caixa vai pular na frente (dos concorrentes). A intenção é ser o terceiro maior banco brasileiro em concessão de crédito. Hoje é o quarto", disse Hereda.
O financiamento imobiliário, principal produto de crédito da Caixa, ficou de fora do corte. Segundo Hereda, o segmento já tem margens pequenas e reduções nas taxas precisam ser discutidas de forma mais aprofundada. O objetivo da Caixa é liberar até R$ 100 bilhões este ano no financiamento habitacional, acima dos R$ 80 bilhões de 2011.
Com a nova estratégia, a Caixa espera aumentar a participação no mercado de empréstimos para cerca de 14% até o fim deste ano. No fim de 2011, o banco tinha 12,6%. Antes da crise mundial, era de 6%. Para 2012, o banco prevê que sua carteira de crédito cresça 35%, ante projeções de especialistas de expansão de 16% para todo mercado.
Os juros menores não devem afetar os resultados da Caixa, segundo Hereda. O banco vai manter a rentabilidade e espera que o lucro em 2012 seja pelo menos igual a 2011, de R$ 5,2 bilhões.
Portabilidade. O número de operações de portabilidade de crédito cresceu 55,96% em março, ante fevereiro, segundo dados do Banco Central. E a expectativa é que essa migração de saldo devedor cresça ainda mais, caso os bancos privados não acompanhem rapidamente a campanha dos bancos públicos, que têm promovido uma acentuada redução das taxas de juros em linhas de empréstimos.
"O volume de portabilidade de crédito ainda é pequeno, já que o processo é muito burocrático. E as pessoas acabam amarradas às instituições financeiras nas quais têm conta por meio de outros produtos e serviços e não migram", disse o vice-presidente da associação de executivos de finanças (Anefac), Miguel de Oliveira.