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Importações tomam a dianteira e crescem mais
Para analista, essa tendência se deve à valorização do real e pode desestimular a produção local.
As importações brasileiras crescem mais que as exportações desde o começo deste ano, em uma tendência que não deve se alterar no curto prazo. Na comparação com as vendas diárias ao exterior de julho de 2009, o resultado do mês passado foi 30,7% superior, enquanto as compras cresceram 51,9%. Os números foram divulgados ontem pelo Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
Nos 22 dias úteis de julho, as exportações contabilizaram um total de US$ 17,674 bilhões (média diária de US$ 803,4 milhões), enquanto as importações foram de US$ 16,316 bilhões (com média diária de US$ 741,6 milhões). A corrente de comércio (soma das duas operações) totalizou US$ 33,99 bilhões (com média diária de US$ 1,545 bilhão). Houve um superávit (diferença entre exportações e importações) de US$ 1,358 bilhão (média diária de US$ 61,7 milhões).
"Embora ainda haja superávit, a velocidade do aumento das importações é preocupante. Se por um lado é bom trazer máquinas e equipamentos para alavancar a economia brasileira, é ruim importar tanto bem de consumo porque desestimula a produção local", diz o professor de economia da Escola de Administração de São Paulo (Eaesp), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Evaldo Alves.
Valorização – Segundo o professor, o aumento das importações é responsabilidade da cotação do dólar baixo ante o real. "O câmbio não pode ser o indutor desse desequilíbrio, mas não há prováveis mudanças em pelo menos um ano", acredita. No médio prazo, se as exportações continuarem a crescer, o real poderá se valorizar e ajudar na redução das compras. Mas outros fatores externos, como situação de economias importantes, podem alterar o cenário. A China, atualmente, é o principal mercado comprador do Brasil, seguido dos Estados Unidos.
O analista da consultoria Tendências André Sacconato tem outra opinião. Para ele, o aumento das compras brasileiras de produtos vindos do exterior é consequência do crescimento da economia nacional. É natural, portanto, que o País também compre, além de máquinas e equipamentos, bens de consumo.
A única surpresa para o consultor nos números de julho foi a redução no superávit. Ele calculava US$ 2 bilhões. "Esperava exportações um pouco mais elevadas por conta de estarmos no meio da safra agrícola e o preço do minério de ferro continuar elevado. Mas pode-se perceber que a 'culpa' é do setor de combustíveis e lubrificantes, que é realmente volátil", diz. Pela inconstância no preço ser considerada natural, Sacconato não alterou as previsões de US$ 22,5 bilhões de superávit no final do ano.
Crescimento – No acumulado entre janeiro e julho de 2010, houve crescimento nas exportações de todos os grupos de produtos em relação à igual período de 2009, pela média diária: básicos (30,3%), semimanufaturados (41,3%) e manufaturados (19,2%).
Dentre os básicos, os destaques foram as vendas de petróleo em bruto, com crescimento de 117,5% ante igual período do ano passado, e minério de cobre (96,5%). No grupo dos manufaturados, os principais produtos foram veículos de carga (86,8%) e motores de veículos e partes (82,9%), todos na mesma base de comparação.
As importações também se elevaram em todos os setores, em especial combustíveis e lubrificantes (com elevação de 64,5% ante os sete primeiros meses de 2009), bens de consumo (49,7%), matérias-primas e intermediários (45,4%) e bens de capital (31,2%).
Os principais destinos das exportações brasileiras no ano foram: China (US$ 16,7 bilhões), EUA (US$ 10,6 bilhões), Argentina (US$ 9,4 bilhões), Países Baixos (US$ 5,5 bilhões) e Alemanha (US$ 4,4 bilhões). Os principais países de origem das importações foram: EUA
(US$ 14,7 bilhões), China (US$ 13,1 bilhões), Argentina (US$ 8 bilhões), Alemanha (US$ 6,7 bilhões) e Coreia do Sul (US$ 4,7 bilhões).